17.11.13

Tô com vontade de uma coisa que não sei o que é - Resenhando #24


Depois de uma semana pensando e pensando e pensando no próximo livro que eu resenharia, optei por um gênero completamente diferente dos que se lê pelo Blog. Desta vez, não haverá enredo, não haverá uma aventura. A heroína é a mente da nossa escritora, que se assemelha muito a minha e a de milhares de pessoas por ai. Apresento para vocês Tatiane Bernardi.

Autor: Bernardi, Tati; Bernardi, Tati
Editora: Panda Books
Categoria: Literatura Nacional / Contos e Crônicas

De vontades que não podia entender e outras tantas sensações, tão familiares a qualquer um, Tati Bernardi, autora de A Mulher que não prestava, fez nascer Tô com vontade de uma coisa que não sei o que é, uma reunião de crônicas do cotidiano.
Com um humor pontual, marcado pela riqueza de detalhes, alguns deliciosamente sórdidos, Tati consegue transcrever a vida e suas peculiaridades com uma veracidade quase constrangedora. Como quando fala do maldito manobrista que sempre solta pum no carro, ou do homem comum, que pode ser até agradável e divertido quando o assunto é conseguir sexo. Tati fala de amor, solidão, sucesso, sexo e de todas essas coisas de que são feitas as vidas.



Eu sei que eu deveria falar do livro, mas desta vez eu quero ser diferente, eu quero falar do autor. Tati Bernardi me absorve com seus textos desde que eu tinha 14 anos. Três anos de muita leitura Tatiana e eu acabei virando cronista e contista e a culpa toda é dela. Mas como não amar?

Tati é a personificação do que toda mulher quer ser, mas não é. Seja por falta de coragem, personalidade oposta ou por puritanismo, tanto faz. As pessoas amam ou odeiam gente como ela porque esse tipo de gente vive a vida que muito ser humano quer viver. Ela fala sobre amor, sexo, filhos, medos, fobias, necessidades e assuntos que vão do infantil ao Maquiavélico. Eu já li mais da metade das coisas que Tati Bernardi publicou, seja livros, colunas, twittadas ou comentários bestas no facebook, e quanto mais eu leio, mais tenho certeza de que ela é uma verdadeira escritora. Bukowski escreveu uma mensagem a todos os jovens escritores, e eu me identifiquei muito com ela, ai vai um trechinho:




"A não ser que saia da sua alma como um foguete, a não ser que isso faça-o

levar à loucura ou suicídio, ou assassinato, não escreva.

A não ser que o Sol dentro de você esteja queimando suas vísceras, não escreva."
- Bukowski



Se doar, é isso que você sente ao ler Tati Bernardi. Eu comecei a ler antes mesmo de aprender a andar (sinta a ironia) e eu cansei de ler tantos pseudo-escritores metidos a sabichões que não conseguem colocar em palavras as mesmas sensações que Tati Bernardi põe. 





Voltemos ao livro.

Tô com vontade de uma coisa que eu não sei o que é. Título curioso para um livro curioso. Ele é um livro de crônicas e contos e tem uma linguagem totalmente atual e sem pronomes oblíquos átonos ou palavras difíceis que deixam tudo muito certinho. Ela esclarece aquelas dúvidas que a gente tem, como os motivos que nos fazem abrir e fechar a porta da geladeira só para pensar.




“Será que a gente pensa que a geladeira é um portal pra outro mundo? E que ao abri-la a gente vai descobrir para onde quer ir ou o que quer da vida?”




E você vai lendo e se achando. E se perdendo, e procurando. Não sei a idade que você tem, meu amigo leitor, mas eu, com meus quase 18 anos, descobri que talvez eu não seja louca. Tudo bem, isso pode parecer idiota, mas eu sempre pensei que era a única com essa...sabe? essa coisa estranha dentro do peito que me faz sentir como se fosse um saco sem fundo.




"Minhas vontades, sempre infinitas, passam muito rápido. E aí, eu fico achando que não sei ter vontades. Que eu não mereço ter as minhas vontades. E me sinto sempre uma traidora prestes a desistir ou enjoar de algo que nem deu tempo de acontecer. E aí eu fico com preguiça de ou mesmo covardia para ter novas vontades. Se elas vão passar, para que raios elas servem?"




O livro é engraçado, intenso, confuso e lotado de crises existenciais e fobias do mundo. Como a história do MAC que foi para o concerto e que deixou a Tati louca de medo que o técnico visse as fotos da bunda dela. Ou do motorista que solta pum no carro, ou de todos os amores que ela inventou só pra deixar a vida mais bonita do que ela realmente é.

E ela vai levando, te fazendo rir, chorar, sofrer e amar junto com ela. Eu não sei se esse é o seu gênero, mas mesmo assim vale a pena ler. Mas ai vai uma dica, se você é jovem, talvez o livro se torne chato e maçante. Nem todo mundo consegue ter uma mente madura na adolescência, na verdade, poucos têm. Palavras da minha psicóloga. Vale a pena, pelo menos valeu pra mim. Eu juro que se eu pudesse, daria um abraço nela só pra dizer que ela não está sozinha. Sei lá, eu sou meio doida. Hehehehe.





Já leu o livro? Gostou? Sim, não? Comente!


Cora.

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