21.10.13

"O Iluminado" - Cinematizando #04

Primeiramente, prazer. Meu nome é Caio da Costa e irei postar sobre cinema para vocês. Espero que gostem. :D

Muitos dizem "o livro é sempre melhor que o filme". Porém se esquecem da palavra "exceção". É de uma dessas "exceções" que quero falar hoje. O filme que venho lhes mostrar é "O Iluminado", de 1980.


Dirigido por Stanley Kubrick, o longa-metragem baseado no romance escrito por Stephen King é um clássico do cinema de horror. Mas nem sempre foi assim. Por título de curiosidade, a atriz Shelley  Duvall concorreu ao Framboesa de Ouro, a premiação dos piores filmes do ano. Mas, felizmente, o tempo passou e viram quão bom o filme é.
Kubrick precisava de dinheiro. Seu projeto de levar Napoleão aos cinemas precisava de uma prova de que o diretor poderia fazer um filme capaz de ser um "blockbuster" - arrasa-quarteirão. Logo, pensou ele que adaptar um romance de Stephen King seria uma boa ideia. Então, junto de Diane Johnson, o roteiro foi escrito. A Warner comprou a ideia e logo estavam procurando elenco. Jack Nicholson foi o escolhido para viver o protagonista, Jack Torrence; e Danny Lloyd para ser o pequeno Danny. Além de Duvall para ser a esposa de Jack. A produção, que tem várias curiosidades que não vêm ao caso, tinha finalmente começado e marcado o cinema para sempre.

"Here's Johnny!"

Jack está à procura de emprego quando vê uma ótima oportunidade : ser o zelador de inverno do Hotel Overlook. 3 meses sozinho com a família, com tempo de sobra para terminar seu romance. Apesar de seu filho Danny estar com o pé atrás, lá vão eles. Uma coisa da qual gosto muito, é a apresentação do hotel pelo gerente, pois já vemos o quê nos espera logo de início. Overlook é um personagem de certo modo. Não fosse a ambientação e os muitos pequenos planos sequência mostrando o local, não teríamos receio do quê esperar.
Kubrick escolheu o lugar certo, todos sabemos ao assistir o filme. Mas quase não se sabe dos quartos, que são de hotéis de verdade, apenas copiados pela produção. O quê nos faz acreditar mais na veracidade de tudo aquilo, mesmo que pouca.
Aliás, nem tão pouca.
O romance de Stephen King é que é pouco real. Uma prova disso, são as sebes em formatos de animais que perseguem os protagonistas. Graças à Kubrick, isso não chegou aos cinemas. Assim como muitas outras coisas do livro. O filme não é explicado, não é feito para ser entendido ao final. É para ser degustado aos poucos, e bem depois, digerido. King botou muitas informações. O diretor tirou algumas.
Mas o quê faz o filme tão bom não é a adaptação ou a ambientação. São, acima de tudo, as atuações.

"Mas a Duvall não tinha sido indicada ao Framboesa de Ouro?", sim, foi. Mas quem a indicou com certeza não sabe como foi difícil para ela atuar com a mão forte de Stanley. O diretor a tratava como um filhote de cachorro no Instituto Royal : bem mal, à base de fortes críticas e com uma extrema arrogância. O objetivo era sugá-la por completo. Imagina fazer 100 takes - costume dele - e ao final de todos escutar que é uma péssima atriz? É cansativo, mas deu resultado. Danny Lloyd, a criança, está maravilhosa. Uma atuação belíssima difícil de se ver num ator mirim. Aquele "REDRUM" me dá arrepios. Porém, o ponto alto é realmente a maluquice, a doideira, a atuação de Jack Nicholson.
Como espectador, não consigo ver como não se sentir obcecado com o quê ele entrega. É realmente psicótico. Assusta a cada frase. E, aliado ao jeito Kubrick de dirigir, extravasante. E ainda por cima, a famosa frase "Here's Johnny" foi uma improvisação do ator.

No fim, "O Iluminado" é uma adaptação quase que livre de um livro homônimo, que consegue extrair o quê ele tem de melhor e acrescentar o quê a produção tem de melhor. Recomendável para aqueles que não têm medo de terminar um filme sem entender nada. E para quem entende que para ser bom não precisa ser perfeito. E por favor, assistam remasterizado. A fotografia do filme faz meus olhos brilharem. Mesmo tendo nascido nos anos 90, tenho saudade dos filmes dos anos 80. Principalmente os de horror. "O Iluminado" é um deles.

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